Castanha-do-pará

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Estado de conservação
Castanha-do-pará

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Vulnerável

(UICN)

Classificação científica
Reino Unido: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Ericales
Família: Lecythidaceae
Génus: Bertholletia
Espécie: B. excelsa
Nome Binomial
Bertholletia excelsa
Humb. & Bonpl.

Brazil nut é o nome comum para uma árvore grande, sul-americana, Bertholletia excelsa, da família Lecythidaceae, caracterizada por uma vagem ou fruto grande, dura, lenhosa, semelhante a um coco esférico, contendo um número de sementes triangulares (triangulares) castanhas escuras, com uma casca extremamente dura, conhecidas como “nozes”, cada uma com um grão esbranquiçado no interior. O termo castanha-do-pará também é usado para a semente comestível, que é de importância comercial.

Ecologicamente, a reprodução das castanheiras reflete uma coordenação harmoniosa em dois níveis. Em um nível, a polinização das flores depende de abelhas de corpo grande que podem negociar a forma única das flores. As abelhas orquídeas não só polinizam as flores, mas elas próprias dependem das flores para a sua própria reprodução, com o aroma das flores capazes de atrair as fêmeas para o acasalamento com os machos. Em outro nível, a dispersão das sementes das castanhas de casca dura depende de grandes roedores, como os agouti, que são capazes de roê-la para ganhar a nutrição do grão, ao mesmo tempo em que enterram cachos das sementes.

Obviamente, a reprodução da castanheira também beneficia os seres humanos, pois as castanhas são populares e comercializadas mundialmente para uso culinário. A dependência de abelhas amplamente solitárias ou semi-sociais polinizadoras tem significado que a maioria das castanheiras são colhidas na natureza, não em plantações.

Visão e descrição

Representação da castanha-do-pará no Suplemento Científico Americano, No. 598, 18 de junho de 1887

A castanheira-do-pará é a única espécie do gênero monotípico Bertholletia. A família Lecythidaceae à qual pertence contém cerca de 20 gêneros e 250 a 300 espécies de plantas lenhosas nativas da América do Sul tropical e Madagascar. A castanha-do-pará, Bertholletia excelsa, é nativa do Brasil, leste da Bolívia, Guianas, Venezuela, leste da Colômbia, e leste do Peru. Ela ocorre como árvores dispersas em grandes florestas nas margens da Amazônia, Rio Negro e Orenoco. O gênero é nomeado em homenagem ao químico francês Claude Louis Berthollet.

A castanha-do-pará é uma árvore grande, atingindo 30 a 45 metros de altura e 1 a 2 metros de diâmetro de tronco, entre as maiores árvores da Floresta Amazônica. O caule é reto e comumente não ramificado para bem mais da metade da altura da árvore, com uma grande copa emergente de longos galhos acima da copa circundante de outras árvores. A casca é acinzentada e lisa. O caule pode viver 500 anos ou mais, e de acordo com algumas autoridades muitas vezes atinge uma idade de 1000 anos (Taitson 2007).

As folhas são decíduas de estação seca, alternadas, simples, inteiras ou crenadas, oblongas, de 20 a 35 centímetros de comprimento e de 10 a 15 centímetros de largura. As flores são pequenas, brancas-esverdeadas, em panículas de 5 a 10 centímetros de comprimento; cada flor tem um cálice de duas partes, decíduo, seis pétalas de cor creme desigual, e numerosos estames unidos em uma massa larga em forma de capuz.

Frutas e reprodução

As castanheiras produzem frutos quase exclusivamente em florestas primitivas, pois as florestas perturbadas carecem das abelhas de corpo grande que são as únicas capazes de polinizar as flores da árvore (Nelson et al. 1985; Moritz 1984). A castanha-do-pará tem sido colhida de plantações mas a produção é baixa e atualmente não é economicamente viável (Hennessey 2001; Kirchgessner).

Um fruto de castanha-do-pará recém-cortado

As flores amarelas da castanheira-do-pará contêm néctar muito doce e só podem ser polinizadas por um inseto suficientemente forte para levantar o capuz enrolado na flor e com línguas suficientemente longas para negociar a complexa flor enrolada. Notavelmente, as flores produzem um cheiro que atrai abelhas euglossinas de corpo grande e de língua comprida, ou abelhas orquídeas. As pequenas abelhas orquídeas machos são atraídas pelas flores, pois as abelhas machos precisam desse cheiro para atrair as fêmeas. Mas é em grande parte a grande abelha orquídea de língua comprida que realmente poliniza a castanheira (Hennessey 2001). Sem as flores, as abelhas não acasalam, e a falta de abelhas significa que os frutos não são polinizados.

Uma das espécies de abelhas de corpo grande, abelhas orquídeas ou não, observadas para visitar as flores são as dos gêneros Eulaema, Bombus, Centris, Epicharis e Xylocopa (Kirchgessner).

Se tanto as orquídeas como as abelhas estiverem presentes, o fruto leva 14 meses para amadurecer após a polinização das flores. O fruto em si é uma grande cápsula de 10 a 15 centímetros de diâmetro que se assemelha a um endocarpo de coco em tamanho e pesando até 2 a 3 quilos. Tem uma casca dura e lenhosa de 8 a 12 milímetros de espessura. Dentro desta cápsula dura, redonda, com sementes de 8 a 24 triangulares (três lados) com cerca de 4 a 5 centímetros de comprimento (as “castanhas do Brasil”) embaladas como os segmentos de uma laranja; não é uma verdadeira noz no sentido botânico, mas apenas no sentido culinário.

A cápsula contém um pequeno orifício numa das extremidades, que permite que roedores grandes como o agouti a roam. Eles então comem algumas das nozes dentro enquanto enterram outras para uso posterior; algumas delas são capazes de germinar para produzir novas castanheiras. O agouti pode carregar uma semente a mais de 400 metros da árvore matriz (Hennessey 2001). A maioria das sementes são “plantadas” pelos agoutis em lugares sombreados, e as mudas jovens podem ter que esperar anos, em estado de dormência, para que uma árvore caia e a luz do sol chegue até ela. Não é até lá que ela começa a crescer novamente. Macacos capuchinhos foram relatados para abrir castanhas-do-pará usando uma pedra como bigorna.

Nomenclatura

Sementes de castanha-do-pará

Embora seu nome, o exportador mais significativo de castanhas-do-pará não é o Brasil, mas a Bolívia, onde são chamadas de almendras. No Brasil essas castanhas são chamadas castanhas-do-Pará (literalmente “castanhas do Pará”), mas no lugar delas, oscreanos as chamam de castanhas-do-Acre. Os nomes indígenas incluem juvia na região do Orinoco, e sapucaia no resto do Brasil.

Nozes creme é um dos vários nomes históricos usados para castanhas-do-Pará na América.

Produção de castanha

Castanha do Brasil envolta em sua casca de semente

Anualmente são colhidas 20.000 toneladas métricas de castanha do Brasil, das quais a Bolívia representa cerca de 50%, o Brasil cerca de 40%, e o Peru cerca de 10% (estimativas de 2000) (Collinson et al. 2000). Em 1980, a produção anual era de cerca de 40.000 toneladas por ano somente do Brasil, e em 1970 o Brasil colheu 104.487 toneladas de castanhas (Mori 1992).

As castanhas do Brasil para o comércio internacional vêm inteiramente da coleta selvagem e não de plantações. Isto tem sido avançado como um modelo para gerar renda de uma floresta tropical sem destruí-la. As castanhas são em grande parte colhidas por trabalhadores migrantes.

Análise da idade das árvores nas áreas colhidas mostra que a colheita moderada e intensa leva tantas sementes que não restam o suficiente para substituir as árvores mais velhas quando elas morrem. Os locais com atividades leves de coleta tinham muitas árvores jovens, enquanto os locais com práticas intensas de coleta quase não tinham árvores jovens (Silvertown 2004). Foram feitos testes estatísticos para determinar que fatores ambientais poderiam estar contribuindo para a falta de árvores mais jovens. O efeito mais consistente foi encontrado no nível de atividade de coleta em um determinado local. Um modelo de computador prevendo o tamanho das árvores onde as pessoas colhiam todas as castanhas correspondia aos dados do tamanho das árvores que eram coletadas em locais físicos que tinham colheita pesada.

Usos

Castanha do Brasil após a remoção da casca

Uso e nutrição culinária

Nozes do Brasil são comidas como são ou como parte de produtos de confeitaria ou assados. Elas são uma das principais nozes comerciais do mundo. O “efeito Castanha do Brasil” descreve a tendência dos itens maiores para subir ao topo de uma mistura de itens de vários tamanhos mas densidades semelhantes, como a castanha do Brasil misturada com amendoim.

A castanha do Brasil tem cerca de 18% de proteína, 13% de carboidratos e 69% de gordura. A composição da gordura é aproximadamente 25% saturada, 41% monoinsaturada e 34% polinsaturada (USDA 2008). O teor de gordura saturada da castanha do Brasil está entre os mais elevados de todas as castanhas.

Nutricionalmente, a castanha do Brasil é talvez a mais rica fonte dietética de selénio, contendo até 1180 por cento da USDA (U.S. Recomendações Dietéticas), embora a quantidade de selénio dentro dos lotes de castanhas varie muito (Chang et al. 1995). Pesquisas recentes sugerem que a ingestão adequada de selênio está correlacionada com um risco reduzido de câncer de mama, bem como de próstata (Klein et al. 2001). Como resultado, a castanha do Brasil é por vezes recomendada como medida de protecção (Moss 2001). Estas descobertas que correlacionam o selénio e o risco reduzido de vários cancros são inconclusivas, contudo, outras investigações sobre os efeitos do selénio no cancro da próstata não demonstraram tal correlação (Peters et al. 2007).

As castanhas do Brasil são também uma rica fonte de vitamina B1 e vitamina E, uma boa fonte de niacina e cálcio, e uma fonte de ferro (Bender e Bender 2005).

Embora os possíveis benefícios para a saúde da castanha, em 2003 a União Européia impôs uma regulamentação rigorosa para a importação do Brasil de castanhas-do-Brasil em suas conchas, uma vez que se descobriu que as conchas contêm altos níveis de aflatoxinas, o que pode levar ao câncer de fígado, e o Brasil não possuía mecanismos de controle suficientes para evitar a contaminação por aflatoxinas (CEC 2003).

As castanhas-do-Brasil também contêm pequenas quantidades de rádio radioativo. Embora a quantidade de rádio seja muito pequena, cerca de 1-7 pCi/g (40-260 Bq/kg), e a maior parte dele não é retido pelo organismo, isto é 1000 vezes maior do que em outros alimentos. Segundo Oak Ridge Associated Universities, isto não se deve a níveis elevados de rádio no solo, mas sim ao “sistema radicular muito extenso da árvore” (Oak Ridge 2007).

Outros usos

O óleo de castanha do Brasil é produzido a partir da semente. Além do seu uso alimentar, o óleo de castanha do Brasil também é usado como lubrificante em relógios, para fazer tintas de artistas, e na indústria cosmética.

A madeira da castanheira (não confundir com madeira do brasil) é de excelente qualidade, mas a extração das árvores é proibida por lei nos três países produtores (Brasil, Bolívia, e Peru). A extração ilegal de madeira e a limpeza da terra representam uma ameaça contínua (Greenpeace 2007).

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Créditos

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  • História da Castanha do Brasil

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