Sociedades inclusivas e desenvolvimento

Política e Legislação

Em El Salvador, a política nacional da juventude e os direitos dos jovens cidadãos estão estabelecidos na Política Nacional da Juventude (2011-2024), no Plano de Ação da Juventude (2011-2024) e na Lei Geral da Juventude de 2013. A Política Nacional da Juventude traça os objetivos de curto, médio e longo prazo do governo e define seis áreas prioritárias de intervenção: (1) Educação: Acesso, qualidade e construção do capital humano futuro; (2) Emprego, desenvolvimento produtivo e empreendedorismo; (3) Saúde, práticas de risco e promoção de estilos de vida saudáveis; (4) Cultura, entretenimento e desporto; (5) Prevenção da violência, segurança pública e cultura pacífica; e (6) Participação e cidadania juvenil. O Plano de Ação da Juventude oferece programas estratégicos de curto prazo que atendem às seis áreas prioritárias definidas e detalha o orçamento correspondente. A Lei Geral da Juventude define os “direitos fundamentais dos jovens”, e enfatiza sua “participação política, social, cultural e econômica em termos de equidade e solidariedade”.

Saúde

As principais causas de mortalidade entre os jovens em El Salvador são externas, incluindo homicídios, acidentes de trânsito e suicídios. Os jovens de ambos os sexos são as principais vítimas da violência: Em 2009, a taxa de homicídios entre jovens de 16-17 anos foi de 153 por 100.000 habitantes. Além disso, a violência sexual constitui um fator importante na alta taxa de gravidez na adolescência. Em relação à saúde sexual e reprodutiva, a maioria dos jovens enfrenta obstáculos significativos no acesso a informações e serviços de saúde adequados. O baixo acesso e qualidade dos serviços básicos, agravado por estereótipos e atitudes culturais, tornam os jovens salvadorenhos mais vulneráveis a infecções sexualmente transmissíveis, HIV e exploração sexual. De todos os casos de HIV/SIDA no país, 41% foram registados como sendo jovens com idades compreendidas entre os 15 e 19 anos. Em 2011, a taxa de fertilidade adolescente foi de 77,3 nascimentos por 1.000 mulheres de 15 a 19 anos, fazendo de El Salvador um país com uma das mais altas taxas de fertilidade juvenil do mundo.

Educação

Na última década, El Salvador fez melhorias substanciais em termos de indicadores educacionais. Em 2013, a taxa líquida de matrículas no ensino primário era de 91%, a taxa líquida de matrículas no ensino secundário era de 62% e a taxa de alfabetização das pessoas de 15-24 anos era de 97% em 2013. No entanto, o país enfrenta três grandes desafios na educação: Primeiro, a fraca qualidade do ensino que resulta em elevadas taxas de abandono escolar e deixa um número crescente de jovens sem conhecimentos e competências básicas. Em El Salvador, os jovens normalmente completam apenas seis das nove séries. Segundo, existe uma persistente falta de equidade em termos de acesso à educação de qualidade para jovens de meios desfavorecidos, como os pobres urbanos e rurais, minorias, jovens de pais sem instrução e meninas indígenas. Terceiro, um grande número de jovens, que abandonam o sistema de educação para atividades econômicas, estão sob crescente exposição a gangues de jovens, crime e pobreza. A mobilidade social através de conquistas educacionais é limitada, o que reforça uma situação endêmica de desigualdade social em El Salvador. Segundo o Banco Mundial, El Salvador gastou 15,9% dos gastos do governo e 3,41% do PIB em educação em 2011.

Emprego

Em El Salvador, os jovens entre 15 e 24 anos representam 30% do total da força de trabalho (2010). Tanto a taxa de desemprego dos jovens (12%) como a taxa de subemprego dos jovens (50%) são significativamente mais elevadas do que a média nacional. Estes números, mais o fenómeno crescente dos jovens salvadorenhos que não estudam nem trabalham (24,8%), apontam para o principal desafio dos jovens no acesso ao trabalho produtivo e decente: Em primeiro lugar, os baixos níveis de educação e formação profissional resultam num desajustamento entre as competências dos jovens licenciados e as exigidas nos mercados de trabalho. Segundo, o lento crescimento e a baixa produtividade da economia de El Salvador provocam uma oferta estrutural de oportunidades de emprego decente para os jovens. Altas taxas de desemprego juvenil constituem o principal factor impulsionador da migração laboral, do trabalho informal e do recrutamento de jovens para bandos de jovens violentos ou para o envolvimento lucrativo no tráfico ilegal de drogas.

Migração

Em El Salvador, a pobreza e a falta de acesso a educação de qualidade e a oportunidades de emprego decente são os principais factores impulsionadores da emigração juvenil dentro do país e através das fronteiras internacionais – os Estados Unidos representam o principal país de destino. Altas taxas de migração têm um impacto significativo sobre os jovens que deixam El Salvador, bem como sobre aqueles que são deixados para trás. Os primeiros enfrentam maior exposição à discriminação e marginalização na sociedade de acolhimento; devido ao seu estatuto legal, os jovens migrantes têm acesso limitado aos serviços sociais, tais como cuidados de saúde e segurança social. Os jovens cujos pais emigraram em busca de oportunidades econômicas carecem de proteção dos pais e correm alto risco de se envolverem em gangues de jovens, atividades criminosas ou abuso de substâncias.

Violência, Crime e Insegurança na Juventude

El Salvador teve uma das maiores taxas de homicídios do mundo, com 61 por 100.000 habitantes em 2011. Neste contexto, os jovens são os que correm maior risco da violência, seja como perpetradores ou como vítimas. Mais de 50% das vítimas de homicídios têm entre 15 e 29 anos; a maioria deles são homens jovens de áreas urbanas pobres, porém, as taxas de homicídios de mulheres jovens aumentaram de forma alarmante nos últimos anos. Há uma série de fatores de risco que contribuem para os altos níveis de violência e criminalidade juvenil em El Salvador, incluindo altas taxas de pobreza, desigualdade, sub e desemprego e abandono escolar, estruturas familiares disfuncionais, fácil acesso a armas, álcool e drogas ilegais, urbanização caótica e, finalmente, estruturas de gangues locais e crime organizado (especialmente tráfico de drogas). Estima-se que entre 20.000 e 35.000 jovens salvadorenhos pertencem a gangues de jovens, as chamadas “maras” – os jovens membros têm em média 20 anos, com uma idade média de entrada de 15 anos. A exclusão social é um fator principal para entrar em uma gangue, o que representa uma fonte alternativa de estabilidade, identidade e subsistência. Como parte da abordagem oficial ‘mano dura’, o governo aprovou uma lei ‘anti-maras’ em 2003, que criminaliza a filiação a ‘maras’ e diminui a idade legal para os 12 anos. No entanto, as taxas crescentes de violência juvenil e de insegurança pública apontam para a ineficácia das políticas atuais em abordar as raízes estruturais do problema. Intervenções bem sucedidas devem combinar estratégias de prevenção integradas, abrangentes e intersetoriais com as abordagens de controle existentes, e abordar a questão da violência juvenil em nível nacional e municipal.

Participação dos jovens

Em El Salvador, uma forte cultura e prática de violência impede que os jovens participem do desenvolvimento sócio-econômico e político do país. No contexto da violência juvenil dominante e das altas taxas de homicídio, os jovens salvadorenhos enfrentam uma exclusão estrutural da esfera pública. A sua potencial contribuição positiva para a sociedade é muitas vezes considerada irrelevante. Além disso, a tendência do governo de combater a violência juvenil através de medidas repressivas induz altos níveis de desconfiança e resignação dos jovens perante a autoridade e as instituições do governo.

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